Negócios que humanizam pets ganham espaço, de padaria a fisioterapia

19 de Julho de 2017
Negócios que humanizam pets ganham espaço, de padaria a fisioterapia

Numa esquina da rua Oscar Freire, zona oeste de São Paulo, uma sorveteria gourmet deu lugar a um espaço que vende bolos, bombons, petiscos diet e pratos feitos com carne de cordeiro e coelho, além de opções de cervejas e vinhos.

Mas, agora, quem consome no local, a Padaria Pet, são os bichos de estimação.

Oferecer produtos e serviços similares aos de consumo humano foi a alternativa encontrada pelos irmãos gêmeos Rodrigo e Ricardo Chen, 36, para crescer num período de crise econômica e desaquecimento do mercado.

Eles abriram a primeira unidade, no bairro de Pinheiros, em 2015, ano em que, pela primeira vez desde 2011, o crescimento do setor foi menor que a inflação registrada (7,59% contra 10,67%). Em 2016, o resultado foi o mesmo: 4,94% ante 6,29%.

De acordo com Ricardo Calil, gerente regional do Sebrae-SP, a tendência de humanização dos animais é um "caminho sem volta".

"Num setor que vinha crescendo a passos largos, o modelo padrão de lojinha e banho e tosa começa a estagnar e virar commodity. A decisão de escolha fica baseada apenas em preço e atendimento", diz. "Por isso, as pessoas que inovam têm uma possibilidade muito grande de sair na frente e ter crescimento maior do que a média. Há mercado para isso."

Ao lado do amigo Arquelau So, 40, os irmãos Chen investiram R$ 500 mil para a criação dos produtos humanizados e para a reforma do ponto. Foi o início de um negócio que hoje vai além de uma confeitaria para bichos.

Desde então, eles franquearam a primeira loja, abriram o espaço conceito nos Jardins e ainda esperam inaugurar outras duas franquias, na Chácara Klabin, em São Paulo, e em Vila Velha (ES), entre outras iniciativas. Ao todo, faturaram cerca de R$ 1,5 milhão em 2016 e há expectativa de crescer 10% em 2017 com a maturação do negócio.

"O dono quer que o pet tenha o mesmo estilo de vida dele. Trata o bicho como filho, quer que tenha o melhor alimento, a melhor escola", diz Ricardo Chen.

OZÔNIO E OURO – Na clínica Fisioanimal, a veterinária Maira Formenton, 33, abriu mão do banho e tosa e investiu em serviços para saúde e bem-estar dos animais, como fisioterapia, acupuntura e tratamentos feitos com aplicação de ozônio, implantes de células-tronco e ouro. Os preços variam entre R$ 95 e R$ 2.500.

Com a crise, caiu o número de clientes, diz a veterinária, mas quem ficou está disposto a pagar mais por esses serviços. O resultado: crescimento de 130% no faturamento nos últimos três anos.

"Os bichos são entes da família. Quando o assunto é saúde, os donos não poupam recursos", diz Formenton. "Às vezes, o animal recebe um tratamento até melhor que os humanos."

Com o mesmo conceito de adaptar comportamentos humanos para cães e gatos, Gaspar Marçal, 37, abriu em 2013 um clube de assinatura voltado para pets, a Maskoto.

Por R$ 59,90, o assinante recebe por mês uma caixa surpresa, que tem entre quatro e seis itens, como petiscos e produtos de saúde e beleza.

"Em 2013, aconteceu um 'boom' no mercado de assinaturas, mas havia uma lacuna no setor pet", diz Marçal.

A empresa começou com 30 assinantes e hoje conta com 1.200. Fechou 2016 com um faturamento de R$ 800 mil e há a expectativa de crescimento de 25% em 2017.

Para o presidente da Abinpet (associação da indústria de produtos para pets), José Edson Galvão de França, esses negócios descobriram novos nichos de mercado e, por isso, atingiram números expressivos de crescimento.

Segundo França, também há uma tendência de o setor sair da estagnação em 2017. Mas, de modo geral, é preciso cautela na hora de investir no segmento.

"Serviços como banho e tosa, adestrador, hotelzinho e creche representavam 20% do negócio há dois anos. Em 2016, o índice caiu para 16,7%. Quem dava banho semanal passou a dar uma vez por mês." (Publicação completa em https://goo.gl/E7kezi).

Fonte: Folha de S. Paulo

Foto: iStock

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