Proprietários de pets insistem em atendimento gratuito e a distância

5 de Abril de 2018
Proprietários de pets insistem em atendimento gratuito e a distância

Anos de estudo, especialização e aprimoramento; horas a fio em consultas na clínica e em emergências hospitalares. Todos estes itens são atropelados por tutores de animais de companhia que acreditam que o médico-veterinário, formado e apto para realizar o melhor atendimento, deve passar orientações e prescrições via internet.

Mesmo sendo abordada inúmeras vezes, a questão do atendimento a distância ainda merece ser tema de conscientização aos proprietários. A médica-veterinária especializada em Medicina Felina e Clínica Geral de Cães e Gatos, Gabriela Toledo, esteve envolvida, recentemente, em uma solicitação de socorro pelo WhatsApp.

Após passar orientações que apenas especialistas poderiam realizar em ambiente apropriado, a tutora levou o pet à sua clínica. “O animal estava com gastroenterite e ficou no soro durante todo o dia. Foi medicado, submetido a alguns exames e a responsável seguiu as orientações e o tratamento foi ministrado em casa”, conta.

Segundo a profissional, esse tipo de mensagem chega, praticamente, todos os dias. “Sempre solicitamos que o responsável traga o animal até a clínica ou leve em um hospital 24h mais próximo, porque essas mensagens, muitas vezes, chegam de madrugada, feriado ou domingo. No caso da Mel, a tutora é uma amiga nossa, por isso tivemos a liberdade de respondê-la dessa maneira”, destaca, lembrando que, mesmo nesses casos, é preciso saber lidar com o cliente.

Na consulta presencial, como descreve a veterinária, é possível examinar o animal e usar todos os conhecimentos para um diagnóstico. “O exame físico é imprescindível. Nele, pesamos o pet, avaliamos a coloração das mucosas, o grau de hidratação/desidratação, score de condição corporal, presença de ectoparasitas, condutos auditivos, olhos, cavidade oral, pelo e pele. Ainda auscultamos o pulmão e o coração, aferimos a temperatura, frequência respiratória e cardíaca, palpamos o abdômen, coletamos materiais para exames, como por exemplo, sangue, urina, secreções, entre outros”, enumera. Essas atividades são impossíveis de serem realizadas virtualmente, na visão de Gabriela. “Temos todo um protocolo de atendimento para ser realizado que não tem como fazer sem ser pessoalmente. Estamos lidando com vidas e vidas não podem ser avaliadas por redes sociais”, opina.

Gabriela declara que essas atitudes dos proprietários fazem com que ela se sinta desvalorizada enquanto médica-veterinária. “As pessoas consideram que, enviando uma simples foto do animal, conseguiremos saber o que ele tem. Ou acreditam que, por amar os animais, eu não deveria cobrar consulta e reclamam do preço, além de questionar os exames que solicitamos, dizem que não servem para nada. É muito triste querer fazer o nosso trabalho dignamente, dar o nosso máximo e a pessoa não autorizar ou não fazer o recomendado. Quem paga com isso são os animais”, salienta. 

Como lembrado por Gabriela, veterinários também têm contas para pagar como qualquer um. “E para que a gente consiga, cada vez mais, atender com excelência, estamos frequentemente fazendo cursos de especialização, participando de congressos, palestras, cursando pós graduações, mestrados, doutorados. Ter acesso às informações mais atuais custa caro. E fazemos isso pensando somente no bem do animal que iremos atender. Para o nosso trabalho ser realizado da melhor maneira, a presença do pet é fundamental”, garante. 

Ela afirma que enviar informações como “chocolate é tóxico aos cães e gatos” é completamente diferente de um atendimento ao pet que apresenta sintomas de enfermidades. “O que não podemos passar pela internet são diagnósticos, tratamentos e prescrição de medicamentos, por isso, peço aos tutores que, assim que note alguma alteração no animal, o leve a um profissional, sem perder tempo pesquisando tratamento e remédios na internet. Nós, veterinários, estudamos para tratar os animais. A vida deles depende da atitude do proprietário”, finaliza.

Fonte: Cães e Gatos 

Foto: iStock 

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